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Quem é que manda no Brasil?

Quem é que manda no Brasil?
Rafael Cardoso
jun. 30 - 4 min de leitura
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Quem manda no Brasil não é o presidente da república. Aliás, ninguém do executivo e legislativo manda no país. Você deve estar imaginando que os comandantes são os togados do judiciário, mas não são eles. O país está sem comando? Pelo contrário, há comandantes, porém, não foram eleitos, escolhidos por algum critério ou relativo à mecanismos democráticos. Hoje quem manda no país são os caminhoneiros.

Devemos fazer justiça, afinal de contas, não foram os caminhoneiros que escolheram comandar nossa república, quer dizer, a república deles, mas a completa inabilidade de negociação que o comandante republicano demonstrou no episódio da greve dos caminhoneiros. Essa consequência foi agora espelhada no marco regulatório do transporte que rasga leis de forma explícita a atender reivindicações dos donos do pedaço.


Por que a greve dos caminhoneiros é um marco para a república?

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Ainda estamos revenerando a dissonante greve que foi realizada nos dez piores dias da história recente socioeconômica. Mesmo sendo passado, ainda ecoam ameaças sobre novas paralisações. E a incapacidade de acalmar os ânimos por parte do governo (dito oficial), foi evidente quando o judiciário chamou para si, na figura de Fux, o protagonismo deste impasse. Isso porque a internet vive levantando suposições sobre um novo levante insurgente contra a sociedade brasileira.

Sim. A greve dos caminhoneiros extrapolou qualquer direito adquirido pelo regime democrático. Os caminhoneiros instauraram a anarquia quando observaram a fraqueza de toda um sistema estrutural. Eles distorceram princípios e rasgaram as liberdades alheias ao fecharem as pistas de forma irresponsável sequer dando o direito o pensamento contraditório dentro da própria categoria.

Qual a consequência deste levante dos donos do Brasil? Prejuízos que para eles se espelham em meros números, mas para muitos produtores a destruição de um imenso patrimônio, investimento de vida. Viver em comunidade no Brasil virou um desafio maior do que a injusta carga tributária ou a dificuldade de prosperar com tanta burocracia no universo empreendedor. O desafio agora é ter confiança na pessoa que era sua parceira direta do seu negócio, ou seja, o responsável pelo transporte. Para o caminhoneiro, falar de prejuízo é falar de algo intangível, mas não percebe que ele matou a fonte de produtividade e seu segmento.

Os donos do Brasil não entenderam que a consequência deste levante virá daqui há dois ou três meses para sua realidade, mesmo com as vantagens bizarras que o novo marco regulatório do transporte traz diretamente a ele. Os caminhoneiros que quebraram o ano de 2018 em todos os aspectos, sofrerão ao longo de 2019. Porém, esta visão sistêmica está longe de ser exercitada por eles. Porque a necessidade imediata de resolver seus problemas emergências está além da responsabilidade de manter sua atividade próspera.


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No primeiro semestre de 2019 teremos números que corroborarão essa visão. Ela será vista na quantidade de complacências que os caminhoneiros terão sobre o IPVA de seu veículo. Quer outra previsão? O volume de acidentes irá aumentar por conta da falsa liberdade sobre a pontuação da CNH da categoria  redefinida pelo novo sistema de pontuação. Quanto maior liberdade, maior será a taxa de irresponsabilidade nas estradas. Aliás, poderia aqui fazer várias previsões sobre as distorções que estas regras exclusivas aos donos do país terão no segundo semestre deste ano e no primeiro semestre de 2019, mas  prefiro discutir a falta de competência sobre aqueles que decidem.

Para responder a pergunta inicial, devo admitir que os mandantes no país são aqueles que demonstraram, através de uma reivindicação, o poder ao qual detém perante a ineficiência das autoridades governamentais. Infelizmente, um governo em desgoverno por conta da inoperância de todo um sistema de poder sem protagonistas, mas com muitos antagonistas.


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