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FIES: a herança maldita dos estudantes sem diploma

FIES: a herança maldita dos estudantes sem diploma
Rafael Cardoso
out. 1 - 6 min de leitura
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O FIES, (fundo de Financiamento Estudantil) um dos programas educacionais panfletários do PT, demonstra ser uma tragédia social baseada num sonho vendido que se revelou pesadelo para muitos ex-estudantes.

Tanto instituições de ensino superior, quanto alunos, têm grande dificuldade de desatar o nó chamado financiamento estudantil. Atualmente, a dívida relativa aos contratos em fase de amortização do FIES acumulam a incrível quantia de 20 bilhões de reais.

Isso significa mais da metade dos contratos existentes em caráter de inadimplência levando faculdades e estudantes para o buraco da dívida ativa. Estudantes não conseguem nem ter alternativas para renegociação da dívida por falta de mercado em muitas atividades e profissões.

Os números ruins do FIES se dá pelo descontrole de uma gestão pública que não atendeu meras regulações que pudessem prever um caos atual. Estudantes foram atacados por faculdades que tinham metas de vendas e, por consequência, ambições relativas às oportunidades de mercado que foram acelerados diante uma linha de crédito sem qualquer lastro de segurança.

Este efeito gerou muitos ex-estudantes.

Como existem no Brasil ex-estudantes?

Pode até parecer estranho o termo, um neologismo bem peculiar na verdade, porém, o termo associa um cidadão que passa por grandes dificuldades ao amortizar a dívida ativa cujo projeto de crédito que foi disponibilizado de forma maciça sem qualquer regra regulatória de proteção dos estudantes que não têm mais condições de quitar sua dívida.

Hoje temos um acesso ao ensino superior extremamente limitado. Instituições de ensino foram fechadas por falta de interesse de determinadas comunidades. A falência destas instituições agravou mais ainda a crise brasileira por provocar um duplo efeito econômico nocivo, ou seja, estudantes com CNPJ sujo e profissionais desempregados com o fechamento das instituições de ensino.

A proliferação de CNPJ sujos em jovens que estariam iniciando sua liberdade financeira e promoveriam aquecimento no comércio e no mercado de trabalho virou uma doença somática capaz de atingir inúmeras camadas sociais e econômicas.

Como isso aconteceu?

O programa FIES se tornou um argumento de venda de forma indiscriminada para as faculdades e universidades sem qualquer critério que pudesse proteger os cidadãos das táticas de guerrilhas que as metas das empresas de ensino adotaram na época de bonança do governo Lula.

Ao abrir as comportas de crédito, os gestores públicos não desenvolveram humanização sobre este aspecto delicado ao qual mexia com o sonho dos estudantes que desejavam um canudo do terceiro grau.

Surgem neste período as diversas e diversificadas siglas que representavam faculdades ou instituições de baixa estrutura para atender os diversos perfis de estudantes. FATEP, FACEP, FACREP SUIÇO, ou seja, uma infinidade de siglas que traziam muito mais interesse em disponibilizar cursos sem qualquer critério de qualidade ou plano de ação para inimagináveis inadimplentes.

O início do fim

Quando Dilma assume o governo de 2014, demonstra que imediatamente precisou fazer uma movimentação para regular as contas públicas, pois havia falta de dinheiro para tapar o buraco que as surubas financeiras do governo Lula deixou, e ela mesma manteve em seu primeiro mandato.

O corte do crédito pelo sistema FIES foi drástico. Muitas faculdades que viviam preenchendo suas vagas de cursos calcado no crédito do FIES, foram à bancarrota. No entanto, a pior face deste projeto esteve voltada ao estudante. Muitos cidadão se surpreenderam com seus créditos cortados, dívidas ativas do financiamento anterior e sem canudo que justificasse tal investimento.

Cidadão sem diploma, faculdade sem alunos e governo sem vergonha na cara para assumir a tragédia acometida pelas irresponsáveis políticas públicas. O PT, materializado nos treze anos de governo, criou uma política absurda que iludiu o cidadão, enriqueceu empresários do setor de educação que não correspondiam adequadamente, tampouco com a margem de segurança que desse sustentabilidade ao projeto, e causou um efeito cascata que teve consequências no poder aquisitivo da sociedade brasileira.

Temer tentou renovar o FIES, mas não conseguiu

Michel Temer, diante uma perspectiva positiva, principalmente objetivando um legado para sua gestão pouco populista, tentou trazer uma luz para o FIES. No entanto, essa barca afundou diante sua falta de prestígio político dentro do ambiente de corrupção crônica sempre desnudado pelas investigações do Ministério Público.

Como as eleições 2018 podem dar uma luz ao problema?

Não pode. Se você acha que as eleições trarão maior esperança diante os problemas crônicos do Brasil, pode ficar pessimista. Isso porque as pesquisas eleitorais não trazem boas perspectivas diante os projetos relativos aos candidatos que têm maior expressão ao pleito presidencial.

Tanto Bolsonaro, quanto Haddad, os lados que estão polarizando as preferências dos eleitores nestas eleições 2018, não trazem soluções equilibradas para o problema. Um fato a ser destacado é que Haddad sustenta em suas argumentações nos debates o orgulho de ter sido o ministro da educação que trouxe o FIES para o povo brasileiro. Socorro! O candidato do PT para a presidência da república ainda sustenta a ampliação do FIES para mais pessoas. Assim, devemos compreender que nada é tão ruim que não possa piorar.

O que resta são as iniciativas do Congresso Nacional para trazer melhores propostas. Porém, novamente, devemos ter certa dificuldade a alimentar as esperanças. Isso porque as perspectivas de renovação do legislativo são baixas.

O que pode acontecer é uma iniciativa vinda de um notável legislador fora do padrão de comportamento atual pouco republicano. Há de se ver ainda o que deveremos ter como legisladores no Congresso Nacional de Brasília.

O que fazer a partir de agora sobre o FIES?

O governo brasileiro deveria aceitar as consequências desta política absurda e irresponsável. Ao invés de pensar em leis de anistia contra os agentes públicos atacados por processos judiciais relativos à corrupção, deveria pensar em anistiar os devedores provenientes do FIES que não conseguiram se formar por falta de condições sobre a sustentabilidade deste financiamento.

Devemos cobrar dos agentes públicos a anistia aos devedores que comprovarem suas dívidas frutos do FIES. Pelo menos desta forma poderemos criar uma solução mais justa para um problema delicado relativo ao sonho do cidadão, à sobrevivência da pessoa e a nova perspectiva de futuro do país.


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