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Copa do Mundo 2018: o que está em jogo para o Brasil?

Copa do Mundo 2018: o que está em jogo para o Brasil?
Rafael Cardoso
jun. 15 - 7 min de leitura
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Copa do Mundo 2018: o que está em jogo para o Brasil? Se você ainda não percebeu isso, pode continuar lendo este texto para entender a relevância que a Copa do Mundo tem para o nosso país.

O que está além do caneco?

Entender esta perspectiva pode ajudar a reflexão sobre os últimos anos que estamos vivendo como sociedade. Isso é importante se desejarmos evoluir enquanto nação. Obviamente, hoje o brasileiro está diferente, porém nem tanto. Mesmo compreendendo que o cenário sociopolítico está um caos, o cidadão não compreende que isso é consequência das escolhas que ele mesmo produziu. Esta limitada visão sistêmica também calca os pilares da CBF, pois ela faz parte do desnude de corrupção promovido por entidades e instituições da justiça nacional e internacional.

Em 2014, o traumático 7 a 1 foi a consequência de uma base frágil e fantasiosa. Isso porque o país não queria enfrentar o problema grave de uma situação promíscua de desgovernança pública. No entanto, quando saímos da esfera bairrista ao qual produzimos todos os dias aqui no nosso mundinho, damos conta da incrível dificuldade de existir sem princípios e valores claros de cidadania.

A Copa do Mundo de 2014, um evento que abrilhantaria toda a nossa cultura esportiva, foi na verdade o ponto de ebulição para nossos defeitos como sociedade. O trauma não está no campo jogando com a maravilhosa Alemanha campeã, mas nos alicerces dos estádios, frutos de superfaturamentos e assaltos aos cofres públicos. Como sentir raiva dos alemães? Ninguém sentiu raiva dos alemães na virada do primeiro para o segundo tempo naquela partida, mas via o espelho de sua postura como coletividade na inércia da seleção brasileira diante de um 5 a 0 humilhante.

Sabe o que está além do caneco? A nossa sociedade reativa. Ali na seleção vemos como estamos descolados da realidade. Será que isso irá se repetir na Rússia?

A polêmica na escolha da sede de 2026

A CBF está destruída em sua reputação. Isso é fato. Tal como o poder público brasileiro, a CBF foi investigada pelo FBI e INTERPOL. Conclusão das investigações foi a prisão de Marin, banimento de De Nero para sempre e processos de corrupção contra Ricardo Teixeira. Não há hoje solidez de liderança na CBF, o que existe é a intenção de chegar a 2019 para a posse da próxima chapa que administrará um desafio, ou seja, recuperar a governança da entidade. Porém, pelo que estamos vendo, está mais fácil chegar o tempo da próxima copa do mundo do que abril de 2019, quando a chapa eleita assume definitivamente.

Durante a votação para a sede da copa de 2026, a CBF (representada por Coronel Nunes) tinha se comprometido a votar na campanha vencedora entre México / EUA / Canadá. No entanto, naquele momento da votação, Coronel Nunes votou na candidatura do Marrocos. Por quê? Dado o histórico fica bastante difícil de entender uma escolha pautada pela reflexão sobre valores ou escolhas analíticas. Além dessa proposição sem sentido, inclusive na esfera interna, os aliados políticos da CBF ficaram indignados com essa postura e fazem campanha para que o atual representante seja impedido de participar das decisões ou mesmo das reuniões relativas ao evento. E agora? Será que isso tem caráter com o passado corrupto? Veja como essa decisão sem sentido pode levantar questionamentos delicados.

Como reconstruir uma entidade tão importante para o povo brasileiro com este tipo de postura? É difícil de entender quais as escolhas que os dirigentes estão fazendo quando criam estas dificuldades em suas ações internacionais.

O povo que ama sua seleção

Hoje está começando uma nova catarse. O evento mais importante do mundo esportivo que está associado diretamente ao orgulho brasileiro. Talvez o esporte mais popular do mundo cujos protagonistas mais relevantes em toda sua história são brasileiros. Portanto, vivemos algo maior do que nossa percepção racional, pois está intimamente atrelada a nossa carência por heróis. E demonstramos isso sem vergonha e sem limites enquanto comunidade. Negar essa percepção como sociedade é não compreender tal coisa como algo parte de nossa cultura moderna.

A relação do Brasil com o futebol é maior do que a competitividade de um esporte, pois ali está toda a habilidade criativa e vívida de um perfil naturalmente carente de reconhecimentos. O brasileiro sempre está valorizando aquilo que é de fora, estrangeiro, diferente de sua naturalidade, mas o futebol é seu genuíno invento, mesmo que os ingleses insistam em lembrar sua contribuição como autores do esporte. Aliás, segundo a percepção do brasileiro, os ingleses só criaram o esporte, mas o Brasil criou a arte, tal como a fábrica cria a tinta e o artista cria a obra de arte.

Copa do Mundo tem algo a ver com eleições?

Esse mito sempre vem à tona. Isso porque o calendário das eleições são similares à Copa do Mundo. E como o Brasil tem sempre grande expressão, obviamente também como cultura social, cria vínculo com o cenário político brasileiro. Não coincidência os presidentes sempre tentam explorar isso em sua vivência política.

O vídeo-tragédia de comunicação,  veiculado por Michel Temer, demonstra isso em sua víscera necessidade de protagonizar algo ao povo. Logo, temos sempre esta cultura provinciana de explorar algo que é naturalmente interessante.

Este tipo de conteúdo faz esses mitos sobre política serem alimentados por conta da crença ou as teorias de conspiração. No entanto, mais uma vez vemos como essas expressões políticas são frutos do reflexo de nosso voto. Como pudemos então criar este cenário viciado?

O mito construído nas eleições é justamente aquele que demonstra o Brasil campeão alavancando vantagens políticas ao atual governo brasileiro. Este mito também cria a teoria fantasiosa sobre a queda de Dilma iniciada no 7 a 1. O que devemos entender é que a nossa capacidade de viver a realidade está diretamente associada a nossa capacidade de escolhas.

Por isso, o voto é o espelho da capacidade dos brasileiros escolherem além do paternalismo carente que a comunidade procura no cenário político. Temos que estar atentos àquilo que devemos escolher. E a Copa do Mundo deve ser mesmo a celebração de uma cultura social parte da história do Brasil. E comemorar isso como se deve, ou seja, de 4 em 4 anos.

 


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