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Aristóteles, filósofo que afirmou não saber de nada, sabia demais sobre política

Aristóteles, filósofo que afirmou não saber de nada, sabia demais sobre política
Rafael Cardoso
jul. 27 - 5 min de leitura
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Só sei que nada sei

Assim dizia, Aristóteles, numa mistura de humildade com sabedoria sobre sua existência diante uma linha de experiências no desenvolvimento da vida. Será que ele tinha razão quando pensamos em democracia?

O filósofo mais icônico da ética, principalmente, com a demanda política atual, já demonstrava na Antiguidade a sua genialidade coerente sobre a certeza de que não tinha certeza de nada.

As certezas absolutas são perigosas e revelam afirmações pouco reflexivas. A grande dificuldade disso ser um discurso constante está naquilo que fez a comunicação tecnológica materializar um dos princípios básicos a democracia: espaço para ser ouvido.

No entanto, outro ponto da democracia está sendo pouco usado, ou seja, o direito de ouvir, pelo menos daqueles agentes que se dizem protagonistas da política brasileira. Uma pena que estes detentores da certeza absoluta não aprendam a usar estes ambientes virtuais para ouvir aqueles que se propõem a endolinfa sobre valores éticos.

Por que falar de ética virou pop?

Imagine você uma pessoa capaz de influenciar toda uma comunidade com suas posturas, comportamento, atitudes e ações relativas ao compromisso com a cidadania. Esse indivíduo, naturalmente, torna-se referência ética se exposto num contexto político. Ele, sendo exemplo pelas suas escolhas éticas, cria sinergia com as expectativas que os cidadãos têm sobre um contexto sociopolítico que proteja o cidadão até dele próprio.

Isso sempre foi parâmetro de liderança gerada pelos seres empáticos numa comunidade. No entanto, como as redes sociais derrubam as barreiras geográficas, o discurso de comunicação destes mesmos indivíduos se misturam com outros tantos que entram na carona da tendência.

Essas relações de interatividade virtual instantâneas criou uma atmosfera de insegurança. E quando o cidadão se sente inseguro, independente dos motivos, ele busca um “pai” para solucionar suas angústias. E quem estiver no radar de sua rede social, falando sobre essas inseguranças de forma propositiva, mesmo que esse conteúdo não tenha compromisso com a realidade, torna-se o herói da vez.

Aí que encontramos o ponto fulcral desta questão: a insegurança, a carência de soluções, a falta de indivíduos propositivos na esfera política e a instantaneidade da informação pelas redes sociais geram um cenário de pressão gigante para as tendências éticas discutidas em ambientes de debate virtual.

Entendendo que falar de ética é pop, o que estas pessoas que querem surfar na onda fazem? Elas emitem opiniões como se oferecessem bolachas.

Você é a favor da privatização da Petrobras? Claro! Você acredita que o aborto deva ser liberado? Sim, você não acha isso? Você entende que a solução para o Brasil é cortar os impostos? Óbvio. Você prefere o liberalismo ou o socialismo? Você vota em direita ou esquerda? Você é fascista ou comunista? Você sabia que apoiando ajuda do governo a pessoas mais carentes significa que apoia também o regime autoritário da Venezuela?

Pedro Cardoso, em entrevista no programa de rádio Pânico, afirmou que não acredita em soluções simples para questões complexas. Tudo relativo a sociedade é complexo e precisa de profundidade para apontar soluções. As pessoas que sustentam opiniões sem ter a profundidade exigente para construir persuasão são inconsequentes ingênuos ou também intitulados infantis.

Este espectro não significa uma crença sobre a obrigatoriedade de opinião aos eruditos. Porém, os indivíduos que detém o poder de tomar decisões devem ter profundidade sobre as questões que se propõem resolver. Do contrário, viveremos sempre tentativas sem as condições mínimas de aprender mesmo com os erros e equívocos.

A natureza da polarização, que nunca acaba

Caramba! Será que a complexidade do pensamento analítico se resume a escolha de torcidas? Será que preciso ter uma opinião formada sobre aquilo que está nas manchetes dos jornais? Às vezes, sinto ser um ser a serviço da incerteza. Por que eu realmente não sei o que pensar sobre uma série de questões permanentes nos ecos das redes sociais.

Sempre tive interesse em pessoas que se posicionam privilegiando a dúvida. Pode ser algo intangível a maioria dos atentos cidadãos em constante fla flu. Porém, identifico grande clareza sobre as dúvidas daqueles que levam em consideração a complexidade de emissão dos juízos de valores.

Mário Sérgio Cortella disse que não saberia opinar sobre a condenação de Lula. Ele justifica essa resposta dizendo que só tinha a leitura do que saia na imprensa sobre o caso, portanto, como poderia assumir uma opinião sem conhecer Pan fatos do processo.

São escassos os eventos capazes de espelhar a falta de compromisso com o paradoxo comportamento passional. Devemos escolher um lado para fazer parte de uma sociedade inflamada? Obviamente, não há este tipo de obrigatoriedade. Porém, aquilo que é muito mais exposto em redes sociais e canais de comunicação é exatamente o estado passional das escolhas políticas.

Os centrados, confundidos como centro de alguma força política que representa o estilo moderado, são pouco ouvidos, mas muito volumosos. Centrados porque estão buscando parâmetros coerentes que possam direcionar sua escolha na hora do voto. Mas como fazer algo de relevante diante de eleições extremamente contaminadas por uma falta de ética sem pudores. Aliás, o pudor deixou de existir até para defender o estado do político interesseiro.


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