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Tom Cruise poderia julgar Lula?

Tom Cruise poderia julgar Lula?
Rafael Cardoso
jul. 19 - 4 min de leitura
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Uma petição feita pelo MBL (Movimento Brasil Livre) pediu para que o TSE torna-se Lula inelegível nestas eleições. Porém, como proibir alguém de algo que ainda não aconteceu? Parece que o cidadão brasileiro terá muitas emoções dignas de pipoca nestas eleições se as ações estiverem pautadas pelo sistema pré-crime.

Esse só pode ser um caso para Tom Cruise

No filme Minority Report, o protagonista - interpretado por Cruise - tem a missão de prender pessoas que são enquadradas no pré-crime, ou seja, crimes que não foram cometidos ainda, mas sim previstos por sensitivos dotados de uma extraordinária forma de previsão dos eventos que desencadeiam intervenções brutais.

O grande problema deste ambiente é que a saga é ficção. Enquanto Cruise está em outra pegada, o MBL parece que ainda está curtindo o filme de ficção científica. Alguém precisa avisar o pessoal que insiste em acreditar na metodologia fantasiosa para não usar este tipo de argumento para pedir a proibição de Lula ao pleito.

A necessidade do MBL estar sempre em evidência, obviamente, pela sua amplitude de comunicação perante a mídia jornalística, demonstra como o movimento também privilegia o protagonismo político de Lula. O efeito perpetrado no TSE pedindo algo intangível e pouco lógico, o movimento colocou o petista preso no centro da roda durante o dia de hoje.

Se o MBL pretende ser um movimento de construção da nova política, parece gostar de pregar os mesmos valores que o PT exercita, até certo ponto débil. Como um advogado monta um pedido que é impossível de ser acionado? Rosa Webber justamente argumentou este aspecto ao perceber o objetivo do pedido contra a candidatura de alguém que ainda nem registrou.

O que o MBL provocou? Mais uma vez a participação de Lula, principalmente no jornal Folha de São Paulo. Lula publica uma coluna levantando o discurso da perseguição. E de novo o preso nenhum-pouco-político usa argumentos que levam a cantilena injusta de sempre. Nada traz de útil em sua explanação, porque ele não cria novos caminhos de argumentação sobre as críticas sobre sua condenação. O artigo da Folha de São Paulo é desonesto intelectualmente e não representa aquilo que é Lula, uma vez que sua linha de discurso não é tão qualificado como a escrita no site do jornal.

O MBL perde a oportunidade de consolidar em muitos aspectos o espaço político que conquistou no passado pela bandeira política proposta anteriormente. Jovens apaixonados que sustentam linhas de pensamento técnicas defendendo ideologias contrárias ao histórico poder político nos últimos anos perpetrado no país.

Segundo a linha MBL de se comportar, o processo de combate a Lula é mais um exercício sobre mais do mesmo. Porque fazer críticas sobre as críticas infundadas só é coerente se contrapostas no âmbito da coerência de da honestidade intelectual, coisa que não esteve presente no pedido para negar a candidatura do apenado sem ao menos nem existir o objeto da causa.

Só espero que a mania não pegue. Até porque se isso acontecer, não será tão interessante quanto o filme de Cruise. Até porque se for para vivermos na ficção, deveremos ver no cenário político outras estrelas de filmes de ação, tal como Stalone travestido de Juiz Dredd.

Respondendo à pergunta do início, Tom Cruise não poderia julgar Lula. Cruise só pode prender o apenado de Curitiba. Porém, se Cruise prende, Stalone julga.


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