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Fato: Bolsonaro está no segundo turno - Problema: qual é o propósito disso?

Fato: Bolsonaro está no segundo turno - Problema: qual é o propósito disso?
Rafael Cardoso
set. 1 - 8 min de leitura
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Jair Bolsonaro poderá já se considerar dentro do segundo turno com a inserção de Haddad nas pesquisas eleitorais, inclusive com a chancela associativa a preferência de Lula. A grande dificuldade será sustentar propostas diante de uma grande exposição após 7 de outubro.

Análise sobre a projeção eleitoral das eleições 2018

Até agora, Bolsonaro acabou se beneficiando das polêmicas que sustentam suas bandeiras políticas. As polêmicas são produzidas por ele e por seus influenciadores nas redes sociais. Além disso, também estamos diante uma mídia pouco preparada para o questionamento. Muito se distorceu para levantar a pecha de desconstrução das campanhas eleitorais. Exemplo disso foram os episódios relativos às sabatinas do Roda Viva, Globonews e Jornal Nacional, que a maioria dos candidatos às eleições presidenciais foram submetidos.

Dentro das sabatinas, pouco se construiu. O que a mídia ainda não entendeu é que seu papel diante um pleito tão concorrido poderia construir esclarecimentos aos indecisos. No entanto, o efeito se tornou inverso confundindo mais ainda a cabeça de quem ainda não se cola numa preferência eleitoral.

Obviamente, não estamos aqui falando dos eleitores que já fizeram sua escolha ao ponto de também replicar essa preferência em seus canais de comunicação e redes sociais. Por isso, as sabatinas deveriam ser eventos consolidadores de questionamentos maduros. Não vimos isso na maioria das sabatinas. Salvas exceções da Jovem Pan News e do programa O é da Coisa, de Reinaldo Azevendo na Band News, tivemos embates fervorosos aonde a disputa parecia estar nos holofotes do evento.

Logo, podemos supor que as sabatinas relativas ao primeiro turno não construíram o poder de esclarecimentos ao qual foram propostos em sua missão jornalística. O que devemos entender sob este espectro é que as sabatinas relativas ao segundo turno poderão ser melhores aproveitadas.

Segundo Turno poderá desnudar Bolsonaro

Imagine você o candidato ficar vulnerável ao ponto de se sentir nu diante os eleitores. Isso acontecerá com quem entrar no segundo turno, inclusive Bolsonaro. Novamente, precisamos aqui reiterar a relevância de um propósito diante um holofote extremamente poderoso, ou seja, o eleitor.

No segundo turno, os candidatos são bem mais expostos e confrontados em suas fraquezas. Pode ter certeza que Bolsonaro será questionado pela sua limitação econômica. Esse é o caminho mais fácil diante uma mídia bem limitada.

Assim, Bolsonaro precisará construir um outro discurso. Até o momento, sua comunicação está baseada em frases feitas e jargões populistas. A consolidação da preferência de seu eleitorado é evidente diante das pesquisas eleitorais que lhe dão algo em torno de 19%. Claro que esse percentual pode subir ou pode descer, mas mesmo na descida a margem percentual lhe dá também presença no segundo turno, no entanto, sem levar em consideração dois fatores: o número de indecisos, que ainda poderão surpreender a todos pela quantidade de votos sem direção, e o número de constrangidos que poderão se revelar no resultado das eleições 2018 que votarão no candidato do PSL.

Levando em consideração a consolidação das preferências eleitorais projetadas nas pesquisas eleitorais até agora realizadas, devemos supor que Bolsonaro terá um adversário forte no segundo turno. A correlação de forças que poderão se unir contra Bolsonaro poderá também ser maior do que ele mesmo espera. E isso só será eficientemente combatido diante de um discurso mais sólido e propositivo.

Bolsonaro não poderá crer que a estratégia agora usada deverá se repetir no segundo turno. Isso porque o seu adversário, independente do grau ou perfil a ser revelado, deverá agregar mais forças contrárias. E essa união somará diversos eleitores semelhantes numa perspectiva comum, o alto índice de rejeição da candidatura do capitão da reserva.

Bolsonaro deverá ser um candidato diferente do que até então se apresentou. Isso porque ele deverá construir argumentos sólidos e verdadeiros para combater o chumbo grosso que já espera enfrentar. Não serão frases feitas e jargões populares que terão poder de enfrentamento diante de pessoas articuladas como Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad ou até o improvável João Amoêdo. E Álvaro Dias tem chances? Acredito que não.

O constrangimento que tirou as chances de Álvaro Dias

Álvaro Dias provou do efeito inverso ou levantar a bandeira de candidato que defende a Lava-Jato ao constranger publicamente o juiz Sergio Moro convidando nos palanques o magistrado para ser ministro da justiça em seu hipotético governo após 1 de janeiro de 2019.

Álvaro Dias também foi uma personalidade pouco simpática nos bastidores das eleições para o Estado do Paraná. Isso porque ele, provavelmente, atrapalhou a disputa para governo do estado de seu irmão Osmar Dias. Obviamente, diante um conflito de interesses, Osmar Dias não conseguiu lidar com a situação hostil gerada pelo irmão estando no partido de Ciro Gomes.

Álvaro Dias também não conseguiu colocar a sua credibilidade como diferencial porque foi engolido pela similaridade de sua posição por Marina Silva, figura que também levanta a bandeira da confiança diante um eleitor bastante similar.

Uma ideia chamada Lula

O confronto entre o PT e o resto do mundo não foi além da sessão extraordinária realizada no dia 31 de agosto de 2018. Isso porque o plenário do TSE impediu de forma definitiva que a candidatura de Lula fosse adiante. Logo, quem assume o posto da sigla petista é Fernando Haddad. Ele depois deste processo surge com a preferência de 13% das intenções de votos, na pesquisa divulgada pela XP Investimentos. 

Essa nova aferição, além de usar uma técnica pouco analítica, constrói a teoria de que Lula está agora de forma mais assertiva transferindo seus votos para o herdeiro de seu extrato político.

A percentagem de 13%, além de irônica, também demonstra que Haddad pode ser o adversário natural do capitão da reserva. No entanto, pouco se fala sobre o canhão que Alckmin apontará para Haddad com a propaganda eleitoral mais abrangente nestas eleições 2018.

Alckmin não terá dúvidas de lavar com sangue uma campanha tão maluca como essa. A política será o palco de uma desconstrução pouco programática e bastante bruta. Isso porque logo será visível que o antagonista dos tucanos no primeiro turno não é Bolsonaro, mas Haddad ou até Marina Silva. 

Bolsonaro deve estar comemorando

Ao contrário do que muitos pensam, um segundo turno com Fernando Haddad é o sonho do candidato do PSL. Claro que será a disputa do capitão da reserva contra o PT. E isso será o cenário mais benéfico para todos que são simpáticos a Bolsonaro. Por quê? É muito mais fácil polarizar a disputa com o PT do que qualquer outro candidato.

O capitão sabe disso. Aliás, é o único cenário de segundo turno que poderá ser viável Bolsonaro como presidente. Contra Haddad existe toda a herança de corrupção dissecada desde 2014. Ainda há também a falta de positividade dentro da política do governo Dilma Rousseff. Além disso, o cárcere está lotado de argumentos que aguardam condenação de processos ainda em curso pelos papas do PT.

A única chance de Bolsonaro ser um viável candidato ao segundo turno preservando sua linha atual de comunicação é o Haddad roubar a carteira de Marina Silva, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes para enfrentar o mito nas urnas.


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