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Quem é hoje o Cidadão Kane?

Quem é hoje o Cidadão Kane?
Rafael Cardoso
jan. 7 - 5 min de leitura
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Cidadão Kane, filme criado por Orson Welles, tornou-se conceito fundamental para determinar sinônimo de persuasão da mídia perante a realidade política brasileira. Entretanto, hoje em dia, quem poderia levar essa mesma alcunha com a carga semântica relativa ao documentário Muito além do Cidadão Kane?

Antes, o que é Cidadão Kane?

Cidadão Kane, eleito em 2002 o melhor filme de todos os tempos, segundo uma votação promovida pela revista britânica Sight & Sound, do Instituto de Cinema Britânico, também se tornou referência para um dos mais emblemáticos documentários já produzidos sobre a influência da mídia sobre a realidade política brasileira.

O longa-metragem é uma ruptura estética, narrativa e conceitual estrelada em 1941, roteirizado e dirigido por Welles. Vale lembrar que este filme, contextualizado pela II Guerra Mundial, aborda o aquecimento industrial da década de 30 e 40, logo após um período de profunda depressão econômica na América.

Caso você ainda não tenha a experiência sobre este filme, faça isso para compreender a simbologia deste filme, tal como Machado de Assis tem sua simbologia na literatura mundial com Memórias Póstumas de Brás Cubas.

 

O que é Muito Além do Cidadão Kane?

Este é o título para o documentário, originalmente intitulado Beyond Citizen Kane, veiculado pela primeira vez em 1993 na televisão britânica Channel 4, aonde trazia como premissa a interferência da Rede Globo nas eleições de 1989 para a presidência da república no Brasil.

O documentário contextualiza o protagonismo dos dois principais candidatos naquela época, Fernando Collor de Melo e Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o argumento da narrativa, a Globo usou sua influência para afogar as chances de Lula naquele período e persuadir os eleitores a simpatizarem com Collor.

O ponto delicado desta questão está na edição ocorrida em 1989 do último debate televisionado pela Globo, na época a principal televisão com índices de audiência incríveis.

Ao final do processo, Collor eleito e Lula derrotado com a penca de ignorante e despreparado, tal como a Globo tinha pintado em sua edição.

Roberto Marinho, desacreditado pela própria empresa

Em 7 de outubro de 1984, Roberto Marinho, em editorial no jornal O Globo, defendeu aquilo que se chamava de golpe militar, (sem relativização ideológica neste texto), o movimento político de 1964. Para ele, aquilo se tratava de uma revolução em defesa do Estado brasileiro.

No entanto, em entrevista para a Globo News, Bolsonaro evocou essa opinião do fundador das organizações Globo ao vivo na roda de jornalistas desta emissora.

O que aconteceu?

Miriam Leitão "psicografou" uma nota apressada dizendo que a empresa havia publicado um outro editorial, em 2013, desacreditando a posição particular de seu fundador, falecido 10 anos antes.

Segundo o programa 3 em 1, veiculado na Jovem Pan News, demonstrou como as sabatinas jornalísticas tinham viés corrosivo para quem produzia.

Na figura de Roberto Marinho, fundador da Rede Globo e das organizações Globo, materializou-se a alcunha semântica relativa à leitura do documentário inglês. 

Quem é hoje essa entidade Muito Além do Cidadão Kane?

Para além de toda a polarização ideológica, a entidade além do Cidadão Kane é a rede de compartilhamento de informações na mão dos cidadãos, ou seja, internet.

Certamente, a conectividade instantânea proporcionou uma forma mais eficiente para a democratização das informações. Os internautas, conectados por meio de várias redes sociais, hoje em dia, estão conectados na fonte da informação.

Poucos são aqueles que não acessam as informações por mídias alternativas, quando não estão testemunhando a fonte das informações via streaming.

Influencers da internet disseminam a persuasão

Desde 2016, por diferentes canais e alinhamentos de super nichos, os influencers acabaram se tornando referências sobre diversos aspectos. Influencers filosóficos até jornalistas independentes, produtores de conteúdo que dedicaram sua vida para disseminação do discurso e opinião sobre tudo.

Obviamente, esse movimento vem de muito antes. Porém, a partir de 2016, esse movimento de produção voltada ao universo político se intensificou com o impeachment de Dilma Rousseff.

O engajamento dos movimentos de ruas, a força destes criadores de conteúdo e o intenso interesse de grande parte da população pelo universo político, tudo isso fez com que houvesse um processo histórico pouco crível antes, ou seja, a eleição do presidente Bolsonaro.

A ativação do comportamento conectado

Parte destes influencers hoje tem cadeira no legislativo. Isso porque o fenômeno da internet trouxe perspectivas novas para o perfil e protagonismo político.

Nomes como Joice Hasselmann, Marcos do Val, Arthur do Val, Alexandre Frota, Kim Kataguiri, entre outros, tornaram-se referência da ruptura de paradigmas tradicionais. Os eleitores deixaram de dar preferência aos representantes das oligarquias políticas e apostaram em outro tipo de pessoa.

Eles se tornaram os agentes de persuasão da preferência do cidadão para representações no executivo e legislativo. Eles foram agentes de transformação para as eleições 2018. Eles se tornaram as entidades para além do Cidadão Kane.

E você? Acredita mesmo que eles são as entidades para além do Cidadão Kane? Compartilhe aqui sua opinião e faça parte do debate em prol do amadurecimento político, cívico e social que pregamos em nosso DNA.


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