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A lei eleitoral brasileira demonstra que não entende nada de redes sociais

A lei eleitoral brasileira demonstra que não entende nada de redes sociais
Rafael Cardoso
out. 19 - 7 min de leitura
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A lei eleitoral brasileira vigente não permite que haja posts patrocinados de outras pessoas, empresas, instituições ou representações que não sejam aquelas explicitadas e vinculadas diretamente ao candidato nestas eleições 2018.

Aquilo que o TSE quer, ou seja, regular e regulamentar o tráfego de informações na nuvem, é tão insólito que também é desejo das grandes empresas de tecnologias que lidam diariamente com espionagens industriais, acessos virtuais em seu banco de dados, proteção de dados de toda a natureza. Imagine que o TSE tinha a pretensão de fiscalizar a origem das ditas fake news no início do processo, fruto de grandes lacradas do até então presidente do Tribunal Superior Eleitora, Luiz Fux.

Antes que Rosa Weber assumisse a bomba, digo o TSE, havia promessas insólitas sobre a fiscalização de algo que é bastante simples de esconder para os mais habilidosos indivíduos que dominam a linguagem da programação.

Se isso fosse possível, não haveria o desafio de preservar os dados do Facebook, suposta vítima do compartilhamento indiscriminado de informações dos usuários daquela rede social. Fala sério, TSE!

Como compreender estas distorções entre o mundo ideal e o mundo real? Sim, porque o mundo ideal é este mesmo, aonde os órgãos reguladores do processo eleitoral possam monitorar os aportes financeiros de determinadas campanhas eleitorais. Já no mundo real, a coisa é bem diferente. Isso porque se houvesse forma de regular de forma eficiente, seria bastante fácil combater as injustiças, mentiras e ocorrências de fake news desde a época em que Marina Silva despontava como favorita outrora.

Definitivamente, para aqueles que querem viver no plano real, precisam aceitar que a regulação não é viável com a tecnologia disponível aos ingênuos mortais que estão vinculados ao TSE. Tanto é verdade que nem a tal comissão destinada à fiscalização de fake news, prometida e criada pela gestão anterior no TSE, nem sequer se reuniu uma única vez. O que dirá pela boca pequena os sonhadores gestores oficiais que nem escondem a dificuldade de imprimir eficiência num colegiado que não acerta a agenda para se encontrar?

Até nas eleições 2018 as redes sociais continuam sendo redes sociais

O que os governantes do Brasil, aqueles que estão focados em fiscalizar e administrar os interesses coletivos diante as eleições 2018 é que as redes sociais continuam sendo redes sociais.

O que isso significa?

Esta afirmação diz respeito a dinâmica que está no DNA das redes sociais, ou seja, compartilhamento, crescimento do conteúdo, angariação de mais audiência, busca pela atenção do internauta que está navegando diante aquele conteúdo.

Hoje é fato que as eleições são de grande interesse das pessoas, pelo menos daquelas que se interessam pelo assunto. Qualquer pessoa, hoje em dia, que de alguma forma tem contato com o tema política acaba sendo impactado pelos influenciadores que ganham dinheiro com essa audiência.

O YouTube paga para os influenciadores e produtores de conteúdo pela quantidade de visualizações. Existem empresas que montaram negócios sobre as audiências consolidadas. A estimativa deste faturamento passa da casa dos bilhões. Basta perceber no site SocialBlade a quantidade de comissões que os canais ganham, obviamente, em caráter de estimativa pelo CPC (custo por clique).

Por que destaco isso? Porque o termo Bolsonaro é um das tags mais fortes para geração de interesses. Faz tempo, aliás, que isso está acontecendo. E grande parte dos resultados do primeiro turno, colocando Bolsonaro na frente, é resultado desta audiência bastante evidente dentro da internet.

Os canais que se posicionaram para abordar o universo da política, hoje em dia, lucram com essa produção de conteúdo. E dentro destas estratégias de divulgação de seu canal estão também os posts patrocinados. Como proibir a inserção de posts patrocinados diante um negócio consolidado que entrega conteúdo em troca de audiência, escala de visualização e oportunidade de negócios? Estes canais empregam pessoas. Estes canais fazem girar dinheiro dentro do segmento de marketing e marketing digital. Como proibir esses negócios só porque o TSE não consegue criar ferramentas de monitoramento mais eficientes?

O TSE não sabe o que fazer diante as rede sociais

Logo percebemos como é limitado o conhecimento dos juristas, juízes e legisladores, mesmo que especialistas em direito eleitoral. Não sabem como lidar com esse universo conectado que é bem mais complexo que a necessidade de simplificar a situação.

Quem fica arranjando soluções na véspera do evento faz combinados que ferem inocentes que nada tem a ver com o problema. Pelo contrário, são inocentes que buscam qualificar o processo, mas viram alvo de uma tática burra e pouco eficiente.

Mesmo criando reuniões com os gestores das redes sociais, os responsáveis pelas eleições 2018 mais uma vez demonstram a fragilidade de suas ações, pois terceirizam para empresas privadas reflexões, análises e ações em forma de soluções para problemas que devem ser discutidos, processados e conhecidos por parte destes mesmos gestores.

Até certo ponto, houve a divulgação de reuniões que o Tribula Superior Eleitoral fez com agentes do Facebook para tentar coibir as influências das fake news e a indiscriminada injeção de dinheiro sobre posts patrocinados. Agora me diz uma coisa! Em que universo você dá à raposa a responsabilidade de cuidar do galinheiro? Como o TSE pede para o Facebook coibir a injeção de dinheiro dentro da plataforma que está posicionada a lucrar com a fórmula mais visceral possível do capitalismo?

Diante esta perspectiva, ainda há aqueles ingênuos que sustentam a fantasia de que o Facebook é uma empresa de ideologia esquerda. Caramba! Facebook é de ideologia monetária! Eles têm bilhões aportados em ações e são os mais vorazes atacantes contra o império do Google! Como eles seriam os moralistas destas eleições 2018?

Sabe o que eu entendo por tudo isso? Que esta promessa absurda de apurar a origem de supostas injeções financeiras por parte de terceiros sobre posts patrocinados em prol da campanha de A ou B, buscando a verdade sobre ocorrências de crime eleitoral sob esta origem, nada mais é do que a criação de uma nova fake news.

Será que o TSE irá se condenar pela criação desta institucionalizada fake news?


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